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Our Lady of Sorrows, Quentin Matsys |
Volvo o rosto para o teu afago,
Vendo o consolo dos teus olhares...
Sê propícia para mim que trago
Os olhos mortos de chorar pesares.
A minha Alma, pobre ave que se assusta,
Veio Encontrar o derradeiro asilo
No teu olhar de Imperatriz augusta,
Cheio de mar e de céu tranquilo.
Olhos piedosos, palmas de exílios,
Vasos de goivos, macerados vasos!
Venho pousar à sombra dos teus cílios,
Que se fecham sobre dois ocasos.
Volto o peito para as tuas Dores
E o coração para as Sete Espadas...
Dá-me, Senhora, para os teus louvores,
A paz das Almas bem-aventuradas.
Dá-me, Senhora, a unção que nunca morre
Nos pobres lábios de quem espera:
Sê propícia para mim, socorre
Quem te adorara, se adorar pudera!
Mas eu, a poeira que o vento espalha,
O homem de carne vil, cheio de assombros,
O esqueleto que busca uma mortalha,
Pedir o manto que te envolve os ombros!
Adorar-te, Senhora, se eu pudesse
Subir tão alto na hora da agonia!
Sê propícia para a minha prece.
Mãe dos aflitos...
Ave, Maria
Alphonsus de Guimaraens (1870-1921)
Alphonsus de Guimaraens (1870-1921)
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