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Os Últimos Momentos de Santa Joana d'Arc

Jeanne d’Arc sur le bûcher, Jules Eugène Lenepveu
Jeanne d’Arc sur le bûcher, Jules Eugène Lenepveu

Joana pediu uma cruz. Um inglês fez uma com a madeira de um pedaço de bastão e entregou-a a Joana, que, piedosamente, recebeu-a e a beijou, dirigindo súplicas a Deus Nosso Redentor, que havia morrido em uma cruz da qual aquela pequena cruz era uma representação, e colocou-a no peito, entre o corpo e a roupa. Enquanto isso, Frei Lsambart, que havia assistido a várias sessões do julgamento e, certa vez, tentou aconselhar Joana, foi depressa à igreja de Saint-Laurent buscar um crucifixo, que ele ergueu com a mão direita diante dos olhos dela até a sua morte "a fim de que a cruz, onde Deus havia sido pregado, estivesse diante de seus olhos para todo o sempre". E o frade assim testemunhou os últimos instantes de Joana, chegando com a cruz e segurando-a diante dela até o fim: "Joana, entre as chamas, não parava de clamar pelo nome de Jesus e proclamar seu Santo Nome, implorando e invocando sem cessar a ajuda dos santos e santas do céu. E ainda, o que é mais significativo, inclinando a cabeça e entregando seu espírito, proferiu o nome de Jesus como sinal de que ela estava firme na fé em Deus.

Régine Pernoud (Petite Vie de Jeanne d'Arc, 1990)

Vida dos Santos: Dia 11 de Junho

Cristo Glorificato Nella Corte del Paradiso, Beato angelico

SANTOS DO DIA: 
São Bernabé, apóstolo — São Parísio, confessor — Santa Adelaide, virgem — Bem-aventurada Paula Frassinetti, virgem



São Barnabé
apóstolo


Era de origem hebraica, da mesma tribo que Moisés, Aarão e Samuel, da tribo de Levi. Nasceu na ilha de Chipre, onde seus pais tinham avultados bens, além de uma casa em Jerusalém. Seu primeiro nome era José, que quer dizer acréscimo. Os pais colocaram-no na escola de Gamaliel, famoso doutor da lei, onde teve por condiscípulo Saulo de Tarso, depois São Paulo. Tinha também em Jeru- salém uma tia chamada Maria, cujo filho João, com sobrenome Marcos, foi depois o seu companheiro de viagens apostólicas; dele fala São Paulo em várias de suas epístolas. Foi na casa de Maria que São Pedro pernoitou, quando saiu da prisão libertado pelo anjo. Quanto a José ou Barnabé, tendo visto Jesus pregando em Jerusalém o reino de Deus, curando o paralítico da piscina e fazendo outros milagres, creu nele e foi incluído no número de seus discípulos, não dos doze, mas dos setenta e dois. Após a ascensão do Senhor, os apóstolos deram-lhe o sobrenome Barnabé, ou filho de consolação, sob o qual é mais conhecido. Após a vinda do Espírito Santo, vendeu um campo que tinha e trouxe o prego aos apóstolos, para ser distribuído a cada qual, segundo as suas necessidades.

Saulo de Tarso, seu discípulo, que perseguia a Igreja com furor, tendo sido convertido no caminho de Damasco, voltou a Jerusalém e procurou juntar-se aos discípulos do Senhor; mas todos o temiam, não podendo acreditar que fosse um deles. Então Barnabé, que o conhecia mais particularmente, levou-o aos apóstolos, - relatando-lhes como havia visto o Senhor, o que o Senhor lhe havia dito, e com que unção falara do nome de Jesus. Permaneceu quinze dias em casa de Pedro. Como os helenistas, com os quais discutia, quisessem mata-lo, os irmãos conduziram-no a Cesareia, e o enviaram a Tarso.

Todavia, os que haviam sido dispersados pela perseguido, que levara a morte Estêvão, tinham passado para a Fenícia, Chipre e Antioquia, e não se haviam limitado a pregar a palavra de Deus aos judeus somente. Alguns dentre eles, que eram de Chipre e de Cirene, entraram em Antioquia, e falaram também aos gregos, anunciando-lhes o Senhor Jesus. E a mão do Senhor com eles estava para operar curas; e um grande número de pessoas creu, convertendo-se ao Senhor. O rumor chegou a igreja de Jerusalém, e Barnabé foi enviado a Antioquia. Quando ali chegou e viu a graça do Senhor, rejubilou-se, e os exortou a permanecerem unidos ao Senhor com coração firme. Porque era um homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé. E uma grande multidão se uniu ao Senhor. Barnabé dirigiu-se, em seguida a Tarso, a procura de Saulo. Havendo-o encontrado, levou-o consigo a Antioquia. Permaneceram um ano inteiro nessa cidade, e ensinaram uma grande multidão, de sorte que foi em Antioquia que os discípulos se chamaram pela primeira vez cristãos.

Ora, nessa época, de Jerusalém vieram profetas a Antioquia; um deles, chamado Agabus, levantando-se, predisse, por inspiração, que sobreviria uma grande fome em toda a terra, como aconteceu sob o imperador Claudio, durante o segundo ano de seu reinado até o quarto. Os discípulos resolveram, então, cada um conforme as possibilidades, enviar algumas esmolas aos irmãos que permaneciam na Judeia. O que fizeram, com efeito, enviando aos anciãos ou sacerdotes pelas mãos de Barnabé e de Saulo.

O povo do pais foi ainda socorrido por Izates, rei de Adiabena, e por Helena, sua mãe, que havia vindo a Jerusalém. Josefo relata que ambos haviam abracado o judaísmo. Oroso, pelo contrario, nos conta que se haviam convertido ao cristianismo.

Essa assertiva não é de todo inverossímil. Porque nas histórias que os rabinos forjaram de Jesus Cristo, falam de uma rainha Helena, que se havia mostrado muito favorável a sua causa.

Enquanto Saulo e Barnabé permaneceram em Jerusalém, verificou-se o martírio de São Tiago Maior, e a prisão de São Pedro.

Entretanto, a palavra de Deus fazia grandes progressos e se espalhava cada vez mais. E Barnabé e Saulo, após se haverem desincumbido de sua missão, regressaram de Jerusalém a Antioquia, levando com eles João, com o sobrenome de Marcos.

Havia na Igreja de Antioquia profetas e doutores, entre os quais Barnabé, Simão, chamado o Preto, Lúcio de Cirene; Manahem, irmão de leite de Herodes, o tetrarca, e Saulo. Ora, durante a liturgia do sacrifício ao Senhor, enquanto jejuavam, O Espírito Santo lhes disse: reservai-me Saulo e Barnabé, para a obra para a qual os chamei. Então, após haverem jejuado e orado, impuseram-lhes as mãos, e os deixaram ir.

Enviados pelo Espírito Santo, foram a Selêucia, por mar, e de lá embarcaram para Chipre. Chegando a Salamina, capital da ilha, pregaram a palavra de Deus nas sinagogas dos judeus; tinham com eles João, para servi-los. Foi por essa época que Saulo se sentiu arrebatado ao terceiro céu, seja em corpo, seja em Espírito somente, e ouviu coisas das quais não é permitido a homem algum falar.

Saulo e Barnabé, após haverem percorrido toda a ilha de Chipre, foram a Pafos, residência do procônsul romano, onde os pagãos adoravam a deusa da volúpia. Ali encontraram um judeu mago e falso profeta, chamado Bar-Jesu, ou Elimas, que estava com o procônsul Sérgio Paulo, homem muito prudente. Fazendo vir Saulo e Barnabé a sua presença, desejava ouvir a palavra de Deus. Mas Elimas lhes resistia, procurando afastar o procônsul da fé. Ora, Saulo, que se chama também Paulo, cheio do Espírito Santo, e olhando fixamente Elimas, lhe disse: Homem cheio de engano e malícia, filho do demônio, e inimigo de toda justiça, não cessareis jamais de perverter as vias retas do Senhor? Eis que a mão do Senhor te fere, e serás cego, e não veras a luz do sol por algum tempo. E imediatamente as trevas sobre ele caíram, os olhos se lhe obscureceram; voltando-se para todos os lados, procurava quem lhe desse a mão. Vendo isso, o procônsul creu, impressionado como estava com a doutrina do Senhor.

Paulo e os que com ele estavam, tendo embarcado em Pafos, foram a Perga, na Panfília, onde João Marcos os deixou para voltar a Jerusalém. Eles, pelo contrário, dirigiram-se à Ásia Menor, chegando a Antioquia da Pisídia, onde entraram na sinagoga, no dia do sábado, e se assentaram. Após a leitura da lei e dos profetas, os chefes da sinagoga lhes disseram: Irmãos, se tiverdes uma exortação a fazer ao povo, podeis falar. Imediatamente Paulo, levantando-se, pediu silêncio com a mão e tomou a palavra para anunciar a Jesus Cristo.

Quando saiam da sinagoga dos judeus, os gentios pediram que lhes falasse sobre o mesmo assunto durante a semana. E quando a assembléia se dispersou, muitos judeus e prosélitos, temendo a Deus, seguiram Saulo e Barnabé, que os exortaram a perseverar na graça de Deus. No sábado seguinte, quase toda a cidade se reuniu para ouvir a palavra divina. Mas os judeus, vendo a grande multidão, encheram-se de cólera, e opunham-se, com palavras de contradição e blasfêmia, ao que Saulo dizia. Então Saulo e Barnabé ousadamente lhes disseram: É a vós que nos competia anunciar a palavra de Deus em primeiro lugar; mas desde que a rejeitais, e que vos julgais indignos da vida eterna, eis que nos voltaremos para os gentios. Porque o Senhor no-lo ordenou: Constitui-te luz das nações, a fim de que sejas sua salvação até os confins da terra.

Ora, os gentios, ao ouvirem isso, rejubilaram-se, e glorificaram a palavra do Senhor, e creram tantos quantos estavam predestinados na vida eterna. E a palavra do Senhor espalhou-se pelas adjacências. Mas os judeus, tendo excitado as mulheres devotas e as mulheres de categoria, bem como os principais da cidade, moveram uma perseguição contra Saulo e Barnabé, e os expulsaram do pais. Então os dois apóstolos sacudiram contra eles o pó de seus pés, e foram a Ícona. Entretanto, os discípulos encheram-se de alegria e do Espírito Santo.

Chegados a Ícona, capital da Licaônia, Saulo e Barnabé entraram juntos na sinagoga dos judeus e falaram de maneira que uma grande multidão de judeus e gregos abracaram a fé. Mas os judeus que haviam permanecido incrédulos sublevaram e irritaram o animo dos gentios contra os irmãos. Permaneceram, todavia, longo tempo na cidade, falando livremente em nome do Senhor, que testemunhava a graça às suas palavras, operando milagres e prodígios. Enfim, toda a cidade se dividiu, alguns tomando o partido dos judeus, outros apoiando os apóstolos. Mas como os gentios e os judeus com os seus chefes propusessem atirar-se aos apóstolos para injuriá-los e lapidá-los, estes, tendo conhecimento, refugiaram-se em Listra e Derbo, outras cidades da Licaônia, e pregaram o Evangelho, bem como em toda a vizinhança.

Ora, em Listra um homem havia que andar não podia, permanecendo sempre sentado. Era entrevado desde o seio de sua mãe, e jamais andara. Esse homem escutava Saulo falar, o qual, olhando-o e vendo a fé que o dominava, exclamou em alta voz: Levanta-te sobre os teus pés! Ele levantou-se de um salto, e andou. A multidão, vendo o que Saulo acabava de fazer, pôs-se a exclamar em licaonio: Os deuses, em forma de homens, desceram até nós! E chamavam Barnabé de Júpiter e Saulo de Mercúrio, porque era ele que falava. O próprio sacerdote de Júpiter, cujo templo ficava próximo da cidade, apareceu à porta, com touros e coroas, querendo, como o povo, sacrificar-lhos. Mas os apóstolos Barnabé e Saulo, rasgaram as vestes e lançaram-se em meio à multidão, gritando: Amigos, que ireis fazer? Nós, também, não somos senão homens como vós, sujeitos às mesmas enfermidades e à morte, que vos anunciamos para que abandoneis estas coisas vãs, para converter-vos ao Deus vivo que fez o céu, a terra e o mar, e tudo o que eles encerram; o qual, nos séculos passados, permitiu que todas as nações seguissem os seus caminhos, sem abandoná-las jamais, fazendo o bem, concedendo-nos as chuvas do céu e as estações favoráveis aos frutos, oferecendo-nos o alimento com abundância, e enchendo-nos o coração de alegria. Assim falando, com dificuldade conseguiram demover o povo de sacrificá-los.

Passaram algum tempo a ensinar nessa cidade, quando chegaram alguns judeus de Antioquia, da Pisídia, e de Ícona, que, persuadindo o povo, apedrejavam Saulo, e o arrastaram para fora da cidade, crendo-o morto. Mas os discípulos reuniram-se em torno dele, e ele levantou-se e tornou a entrar na cidade, e no dia seguinte partiu para Derbo, com Barnabé. Após terem anunciado o Evangelho nessa cidade e instruído várias pessoas, voltaram a Listra, a Ícona e a Antioquia da Pisídia, fortificando a coragem dos discípulos, exortando-os a permanecerem na fé, e ensinando-lhes que é pelas muitas tribulações que entramos no reino dos céus. Em seguida, pela imposição das mãos, ordenaram sacerdotes para cada igreja, com orações e jejuns, e recomendaram-nos ao Senhor, no qual haviam crido. Depois, atravessando a Pisídia, chegaram a Panfília. Tendo pregado a palavra de Deus em Perga, desceram a Atalia. De lá navegaram para Antioquia, na Síria, de onde haviam sido enviados, abandonando-se à graça de Deus, para a obra da qual acabavam de desincumbir-se. Chegando à cidade, e havendo-se reunido a Igreja, relataram quantas e quão grandes coisas Deus havia operado por seu intermédio, e como se havia aberto aos gentios a porta da fé.

A esse relato de viagem, São Lucas acrescenta que permaneceram com os discípulos de Antioquia longo tempo, talvez vários anos. Foi, então, que São Paulo teve uma revelação, na qual Deus lhe ordenou se dirigisse a Jerusalém, a fim de expor aos apóstolos o Evangelho que éle e Barnabé haviam pregado entre os gentios. Tinham passado catorze anos desde a conversão, ou seja desde a primeira viagem a Jerusalém, trés anos apos, para ver Pedro.

Paulo não tinha certamente divida de que, até então, pregara legitimamente o Evangelho. Todavia, como não o havia aprendido por intermédio dos homens, mas de Jesus Cristo mesmo, e sendo sua vocação extraordinária, o Senhor ordenou-lhe fosse confrontá-lo com os outros apóstolos que estavam em Jerusalém, e especialmente com Pedro, a fim de que os falsos apóstolos não ousassem desacreditar, no espírito dos povos, nem a sua pessoa, nem a sua doutrina, tornando dessarte infrutífera e inútil a pregação. Tomou por companheiros de viagem Barnabé e Tito.

Os verdadeiros apóstolos nada encontraram que acrescentar ou tirar de seu evangelho, e lhe deram a mão, bem como a Barnabé, como colegas no ministério apostólico. Ademais, considerando que Paulo não havia recebido menores graças pela conversão dos gentios do que Pedro pela dos circuncisos, ficou resolvido que, enquanto Pedro, com Tiago e João, se aplicaria especialmente a chamar à fé os judeus, Paulo e Barnabé trabalhariam principalmente na conversão dos gentios, contanto que, todavia, tivessem cuidado dos pobres da Judeia e não deixassem de esmolar por eles nas províncias mais ricas em que pregassem o Evangelho.

Tendo regressado de Jerusalém a Antioquia, Paulo e Barnabé encontraram a cidade perturbada por judeus advindos de Jerusalém, os quais sustentavam que não haveria salvação sem a circuncisão. Havendo-se levantado uma grande sedição, Paulo e Barnabé, após discutirem longo tempo com eles, resolveram voltar a Jerusalém, com alguns discípulos, para tratar do assunto com os apóstolos e sacerdotes. Entregando o governo da igreja, atravessaram a Fenícia e a Samaria, convertendo os gentios e enchendo de alegria os irmãos. Chegados a Jerusalém, foram bem recebidos pela Igreja, pelos apóstolos e pelos sacerdotes, aos quais relataram quantas e quão grandes coisas Deus havia operado por seu intermédio. Mas alguns, da seita dos fariseus, que haviam abracado a fé, levantaram-se para sustentar que era necessário circuncidá-los e mandá-los guardar a lei de Moisés.

Os apóstolos, então, e os sacerdotes, reuniram-se para considerar a questão. Levantando-se um grande debate, Pedro ergueu-se e disse: Meus irmãos, sabeis que ha muito tempo Deus me escolheu dentre vós, a fim de que as nações ouvissem, por minha boca, a palavra do Evangelho, e nela cressem. E Deus, que conhece os corações, lhes rendeu testemunho, concedendo-lhe o Espírito Santo, bem como a nós. E não estabeleceu diferença entre nós e eles, tendo purificado os seus corações pela fé. Por que, então, tentais a Deus, impondo aos discípulos um jugo que nem nossos pais, nem nós mesmos conseguimos carregar? Mas cremos que é pela graça do Senhor Jesus Cristo que seremos salvos, bem como eles.

Assim falou Pedro. Não decide precisamente; faz mais; mostra que, há longo tempo, e por seu ministério, Deus mesmo havia decidido a questão e dado a entender que nem os gentios, nem os judeus, eram obrigados à circuncisão, mas obtinham a salvação pela fé em Jesus Cristo.

Então, toda a multidão emudeceu: e escutava Barnabé e Paulo, relatando quantos milagres e prodígios Deus havia feito no seio das nações. E quando se calaram, Tiago respondeu, dizendo: Meus irmãos, escutai-me! Simão narrou como Deus começou a olhar favoravelmente as nações, para escolher, dentre elas, um povo consagrado a seu nome. E as palavras dos profetas com elas estão de acordo, segundo está escrito: Depois voltarei e reconstruirei o tabernáculo de Davi que ruiu; repararei as suas ruínas, e as reerguerei. A fim de que o resto dos homens e todas as nações entre as quais é invocado o meu nome, procurem o Senhor, diz o Senhor que faz estas coisas.

Então aprouve aos apóstolos e aos sacerdotes, com toda a Igreja, escolher alguns dentre eles para enviá-los a Antioquia, com Paulo e Barnabé. Escolheram Judas, de sobrenome Barsabas, e Silas, que era dos principais entre os irmãos. Por seu intermédio escreveram esta carta: “Os apóstolos, os sacerdotes e os irmãos, aos irmãos dentre as nações que estio em Antioquia, Síria, e na Cilicia, saudações: Ouvindo nós que alguns indo daqui vos perturbaram com suas palavras, e vos alarmaram a alma, dizendo que era mister circuncidar-se e guardar a lei, sem que lhe houvéssemos dado a ordem, aprouve-nos, reunidos que estamos no mesmo espírito, enviar-vos pessoas escolhidas, com nossos amados Barnabé e Paulo, que expuseram a vida pelo nome de Nosso Senhor Jesus Cristo. Enviamos, pois, Judas e Silas, os quais vos fardo ouvir as mesmas coisas em viva voz. Porque pareceu bom ao Espirito Santo e a nós não vos impor outros fardos, além dos que são necessários: abster-vos do que tiver sido sacrificado aos ídolos, e do sangue, e das carnes defumadas, e da fornicação; de todas essas coisas deveis abster-vos. Felicidades.

Tal foi a ocasião e a forma do primeiro concilio. Grande contestação se levanta sobre a doutrina em Antioquia. Imediatamente é levada ao conhecimento de Pedro, o príncipe dos apóstolos, com alguns de seus colegas. Retinem-se com os sacerdotes e os anciãos. Quem foram esses anciãos ou sacerdotes, esclarece-nos São Lucas, quando disse que São Paulo os ordenava em cada igreja, pela imposição das mãos, acompanhada de orações e jejuns. Vê-se que eram os primeiros pastores regularmente ordenados. Segundo o sentimento mais comum e mais antigo, cada um dos apóstolos, por consequência e seu chefe também e sobretudo, tinha o dom da infalibilidade, Mas convinha dar o exemplo para os futuros concílios. Começaram então pelo exame, pela discussão que foi prolongada. Pedro fala e todos se calam: Pedro coloca como fundamento a revelação que lhe havia sido feita sobre a vocação dos gentios. Paulo e Barnabé relatam as consequências maravilhosas dessa vocação. Tiago, bispo de Jerusalém, falando da sentença de Pedro, mostra que se apóia nos profetas, e propõe uma aplicação pratica, que devia facilitar a unido dos dois povos em um. O decreto do concilio é o decreto do Espírito Santo e da Igreja; enviou às outras igrejas particulares, não mais para ali ser examinado, mas para ser executado.

O que representava Jerusalém pela presença de Pedro e de qualquer um dos discípulos mais ilustres, Roma representa como sede dos sucessores do mesmo Pedro, assistida sempre por homens eminentes em dignidade e doutrina. E quando a contestação sobre as cerimônias legais foi levada a Jerusalém onde estava Pedro, da mesma maneira é lei inviolável da Igreja levar a Roma as causas difíceis da fé. E como ao primeiro som de sua voz serenaram todas as disputas em Jerusalém, do mesmo modo devem cessar as contenções desde que o mesmo Pedro falou pela boca de seus sucessores. Enfim, como a decisão saída de Jerusalém, ainda que não formada em concílio realmente ecumênico, foi, todavia, proposta e recebida como oraculo do Espírito Santo, igualmente os concílios particulares de Roma, sob a autoridade dos pontífices romanos, têm em suas definições a fôrça dos concílios ecumênicos, aos quais católico algum nega uma autoridade soberana e infalível.

Os enviados do concílio, Paulo e Barnabé, Judas e Silas, chegando a Antioquia, reuniram a multidão e lhes entregaram a carta. Os irmãos, após a lerem, rejubilaram-se imensamente com as consolações e exortações que continha. Judas e Silas, que eram profetas, consolaram-nos ainda, exortando-os e fortificando-os com vários discursos. Depois de certo tempo de permanência entre eles, os irmãos enviaram-nos em paz aos apóstolos. Silas, todavia, julgou oportuno permanecer em Antioquia, e Judas voltou só a Jerusalém. Fora por Silas também chamado Silvano que São Pedro enviara sua primeira epístola.

Quanto a Paulo e Barnabé, permaneceram também em Antioquia, ensinando e anunciando, com muitos outros, a palavra do Senhor. Alguns dias após, Paulo disse a Barnabé: Voltemos a visitar nossos irmãos em todas as cidades em que pregamos a palavra do Senhor, para ver em que situação estão. Ora, Barnabé queria levar consigo João, a quem chamavam de Marcos. Mas Paulo disse que ele os havia deixado desde a Panfília, e nada os havia ajudado na obra, não devendo, pois, acompanhá-los. Estabeleceu-se entre eles uma discussão tão viva que se separaram, e Barnabé, tomando consigo Marcos, abriu velas para Chipre. Paulo, escolhendo Silas, partiu com ele, após haver sido abandonado a graça de Deus pelos irmãos. Atravessou a Síria e a Cilícia, confirmando as igrejas e ordenando-lhes observassem os preceitos dos apóstolos e dos sacerdotes.

A severidade de Paulo e a doçura de Barnabé foram igualmente úteis a João Marcos: aprendeu a ser constante; e vê-lo-emos mais tarde servir fielmente o primeiro dos dois. Outra vantagem dessa separação foi que o Evangelho chegou a mais lugares. A partir dessa época, São Lucas, ocupado unicamente em descrever as viagens de São Paulo, não mais nos fala de Barnabé.

Temos, sob nome de Barnabé, uma carta onde falou da ruína do templo, o que mostra que ela foi escrita depois. O assunto de que trata e as excelentes instruções que contém, tornam-na digna dos tempos apostólicos, e crê-se comumente que remonta a essa antiguidade; todavia, é difícil crer que seja realmente obra de um apóstolo. Divide-se em duas partes: a primeira dogmática, a segunda moral. Na primeira, o autor demonstra, contra os judeus, que os oráculos dos profetas se haviam realizado perfeitamente com a vinda do Filho de Deus sobre a terra, com relação à sua paixão e, sua morte, bem como a sua gloriosa ressurreição, devendo a lei, portanto, cessar para dar lugar ao Evangelho. Vê-se que é dirigida aos cristãos que, convertidos do judaísmo, permaneciam ainda muito apegados às observâncias da lei. Na segunda parte, descreve dois caminhos: um da luz, ao qual preside o anjo do Senhor; outro das trevas, a que preside o anjo de Satanás. Apresenta excelentes regras aos que querem andar no primeiro, e faz do segundo a descrição mais sombria e horrenda, a fim de inspirar a todos os espíritos um justo horror. Podemos persuadir-nos, diz o Cardeal Orsi, de que tal epístola, escrita para a defesa da fé católica e edificação dos fiéis, havia sido considerada pela Igreja obra autêntica de São Barnabé, isto é, de um apóstolo cheio do Espírito Santo e chamado com Paulo ao apostolado por uma vocação extraordinária do céu, e que, entretanto, ela a tenha colocado, como as epístolas dos outros apóstolos, no catálogo dos livros sagrados e canônicos? Nela se encontram, ademais, alguns passos menos dignos da sabedoria e gravidade de um apóstolo, que, certamente, não teria jamais escrito que os apóstolos haviam sido pecadores além de toda iniquidade, e que o mundo não deveria durar mais do que seis mil anos. Teria tido mais justeza e mais reserva nas suas alegorias ou interpretações alegóricas das divinas Escrituras. Não teria citado como oráculos do Espírito Santo sentenças que não se encontram nos livros sagrados. Tudo isso mostra que a Igreja teve razão em excluir esse monumento do número das Escrituras divinas, e prova que não honra Barnabé o crer-se que é autor de uma tal obra. Segundo a comum tradição, esse apóstolo morreu na ilha de Chipre, sua pátria, onde, não longe de Salamina, e pelo fim do século V, lhe encontraram o corpo com o Evangelho de São Mateus sobre o peito, transcrito com seu próprio punho.

Segundo a tradição particular da igreja de Milão, São Barnabé ali pregou o primeiro Evangelho. É honrado como apóstolo da cidade.

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São Parísio
Confessor

São Parísio nasceu no ano de 1160, em Treviso. Desde menino, era piedoso e quieto, mostrando evidentes sinais de vocação religiosa.

Com efeito, aos doze anos, vivia já entre os camaldulos, distinguindo-se pela obediência, vida penitente e total observação da regra.

Sacerdote, São Parísio foi nomeado diretor espiritual do convento de Santa Cristina. Estava, então, com trinta anos, e naquele belo cargo, embora humilde, labutaria por setenta e sete anos. São Parísio profetizou e operou milagres. Falecido em 1267, com cento e sete anos de idade, sempre buscou a Deus na maior obscuridade. Enterrado na igreja do convento de Santa Cristina, o túmulo que lhe abrigou o corpo foi objeto de peregrinação,

Mais tarde, quando aquele convento foi transferido para dentro dos muros de Treviso, depositaram-se as relíquias do santo confessor, solenemente, na catedral. 

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Santa Adelaide
Virgem

Santa Adelaide nasceu perto de Bruxelas, em Schaerbeck, sendo recebida na abadia da Cambre, cisterciense, com a idade de sete anos.

Aplicando-se, inicialmente, à humildade, a levar vida apagadíssima, foi simples, afável, corajosa e de imensa prudência.

Aos nove anos, principiou a operar milagres. Logo após, acometida de lepra, foi separada da comunidade. Vivendo numa choça, contrita e a orar, ali na solidão recebeu de Nosso Senhor as mais doces consolações.

Com o progresso da doença, perdeu a vista. Vivendo sempre com a maior calma, refugiada no Coração de Jesus, faleceu na manhã do dia 10 de. junho de 1250. Diz-se que uma pessoa, que não estêve presente à hora da morte da Santa, viu-lhe a alma sair do corpo e subir ao céu diretamente, sem passar pelo purgatório, sendo recebida, com grande júbilo, por querubins e serafins.

A festa de Santa Adelaide está marcada no dia 11 de junho no martirológio da ordem de Citeaux. Pio X autorizou-lhe o culto, com o título de santa, a 24 de abril de 1907.

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Bem-Aventurada Paula Frassinetti
Virgem

Paula Ângela Maria Frassinetti nasceu em Gênova no ano de 1809.

Pequenina ainda, perdeu a mãe. Tomou-a para si uma das tias.

Menina-moça, desejosa de ingressar na vida religiosa, impossibilitaram-lhe a realização do desejo os cuidados que teve de dispensar ao pai, sempre doente. Em casa, porém, viveu no trabalho, mortificando-se e orando.

Sempre desejosa de fazer o bem, fundou, em Quinto, em 1834, um pequeno instituto, que, abençoado, haveria de crescer, tornando-se conhecido com o nome de Santa Dorotéia. Instituto destinado a educação de jovens, os princípios foram difíceis, trabalhosos, em que o dinheiro sempre faltou.

Paula, entretanto, perseverando, confiando em Deus, tudo arrostou para que a fundação vingasse. Satisfeita, anos depois, com o crescimento da obra, a bem-aventurada pôde ver as filhas estabelecidas em Portugal e no Brasil, principalmente.

As irmãs de Santa Dorotéia foram aprovadas em 1863 por carta apostólica. 

Falecida a 11 de junho de 1882, Paula Frassinetti foi proclamada bem-aventurada em 1930.

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No mesmo dia, em Aquiléia, os santos Félix e Fortunato, irmãos, os quais, durante a perseguição de Diocleciano e de Maximiniano, foram estendidos sobre um cavalete, tiveram os lados queimados com tochas acesas, que se apagavam no mesmo instante por efeito do poder de Deus; depois, atiraram-lhes óleo fervente sobre o ventre; enfim, não cessando jamais de confessar a fé em Jesus Cristo, foram decapitados.

Em Roma, transladação de São Gregório de Nazianzo, cujo corpo havia sido transportado de Constantinopla para Roma, e guardado longo tempo na igreja da Mãe de Deus, no Campo de Marte, sendo novamente transportado para a igreja de São Pedro, por ordem do papa Gregório XIII, que quis se realizasse a transladação com aparato e soleni- dade; no dia seguinte, colocaram-no sôbre o altar de uma capela que o grande papa havia mandado pre- parar magnificamente.